Casamento – Mude o Foco
Eis
que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da
paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é
cheio de misericórdia e compaixão (Tiago 5-11)
Muitas
vezes nos pegamos presos a sentimentos contraditórios em nossa busca
por equilíbrio e paz dentro de nossas relações familiares. Assim, fica
fácil desistir quando a situação aperta, pois as contradições
sentimentais e a falta de objetivos são grandes inimigos da vitória.
Quando estamos presos a sentimentos negativos, guardando lembranças
negativas, obviamente estaremos fadados ao fracasso.
Constantemente nos vemos presos aos pensamentos que geram morte, pois
lembrarmos do que nos fez sofrer é sofrer novamente. As feridas da vida
são como as que atingem a nossa pele. Elas machucaram, sangraram e
doeram, mas o tempo e um bom tratamento foram salutares para a pele,
ficando só cicatrizes. Em minha perna esquerda, na altura do joelho, tem
uma cicatriz considerável quanto ao tamanho. Correndo, na infância,
para não apanhar, voei por cima de uma lata, onde estava plantado minha
dália predileta. Voei e pousei em cima da lata, enferrujada e com as
beiras desgastadas, cortou-me o joelho e expôs o osso. Nunca vou
esquecer este dia. Sempre que olhar para a perna, vou lembrar disto, mas
não penso na queda, não guardo a dor e nada mais. Olhar para meu joelho
trás sempre um sorriso aos meus lábios, pois lembro que voltei correndo
para casa, quando ouvi dizer que iam suturar meu joelho. Aos 7 anos, já
uma boa leitora, entendi logo que eles iriam costurar minha perna e sai
em desembalada carreira pelo bairro, voltando para casa e indo
esconder-me debaixo da cama de minha avó. Hoje, se suturada fosse, a
cicatriz seria menor, mas meu medo de hospital e agulhas me permitiram
ter para sempre esta marca destoante na pele.
Se contasse o motivo da surra, se contasse que mesmo machucada apanhei
horas depois e se ainda contasse que minha avó ficou sem falar com a
pessoa que me bateu por vários dias, você saberia que a coisa foi
realmente feia, mas pensar nisto, no início me fazia sofrer. Aprendi,
ainda na infância que o melhor mesmo é você olhar para o outro lado,
pois existe algo a aprender quando se cai e quebra algo. Aprendi que a
dália era mais forte que eu e hoje não corro sem prestar atenção pelo
caminho. Na verdade, depois deste dia, nunca mais cai ao correr, já
andando...
Bem, pode perguntar qual a razão de eu dividir com você esta minha
experiência e sorrirei, pois sei que quando temos um problema, ele sim é
o que importa. Tenho algo a te dizer: enquanto você valorizar mais os
erros dos outros e as dores do processo de viver, sofrerá sempre. E
infelizmente não será só você. As pessoas que te cercam pela vida também
sofrerão, principalmente por não saberem lidar com suas lembranças.
Muitos casamentos naufragam não por lembranças negativas relacionadas a
eles e sim a acontecimentos externos, pois um dos cônjuge ou ambos
trazem para dentro do relacionamento os problemas de relações passadas.
Constantemente ex-namorados ressurgem do nada, em lembranças apenas,
mais esta ressurreição trás comparações que acabam destruindo o que se
construiu. As pessoas costumam fazer com as relações passadas o mesmo
que faço com minha cicatriz no joelho, guardam apenas a parte boa do que
viveu. Esquecem-se que se acabou era por não servir, por não ser bom.
Mas estas mesmas pessoas não conseguem perdoar pequenos deslizes de seus
cônjuges. Assim multiplicam suas dores, acreditando que tudo realmente
esta muito ruim.
Já falei outras vezes e repito hoje, as pessoas costumam ficar
históricas no momento das brigas, sobre pressão ressurge todos os erros
do passado. Falam de acontecimentos que juraram não relembrar, falam de
atitudes que disseram perdoar, abrem a mala das lembranças negativas e
despejam pelo ambiente, lançando um no outro todos os sentimentos
contraditórios vividos na relação. Vale lembrar que a ira é uma alimento
grandioso a favor da violência. Então você vai dizer que pelo menos não
se agridem. Ora, a agressão psicológica é a maior de todas as
violências físicas possíveis, pois ela mina a confiança da pessoa em si e
na relação, podendo ocasionar males insuperáveis. As feridas causada
pelas palavras podem destruir uma pessoa ao transformá-la em alguém
inseguro, propenso a sentimentos negativos que podem levar ao pânico e a
depressão.
Na verdade devemos sempre procurar fazer o bem as pessoas que nos
cercam e principalmente àquelas que nós escolhemos para viver ao nosso
lado. Viver em paz é possível sim, quando isto depender de nós (Romanos
12-18), mas isto demanda irmos contra as nossas próprias vontades, a
abandonar as nossas razões. Na verdade devemos aprender algo mais,
quando o assunto é ter razão. Você pode escolher entre ser feliz e ter
razão. E mais, quando você escolher por ser feliz, o outro acaba
percebendo que você tinha razão. Suponha que vocês dois estejam na
cozinha e resolvam fazer um bolo de macaxeira. A esposa diz que os
ingredientes são macaxeira ralada, coco ralado, canela e cravo a gosto,
açúcar, manteiga, ovos e fermento; Já o esposo acredita que será preciso
usar leite de coco e leite integral e neste impasse fica a discussão.
Como resolver isto? Sorrindo, a esposa vira para o marido de diz a ele
que faça o bolo e deixa a cozinha por conta e risco dele. Com este tanto
de líquido é fácil declarar que esta receita não vai dar certo. Depois
que ele vier com o pudim de macaxeira, por certo vai se desculpar
contigo. Não diga que o avisou e se ele questionar o motivo de você
deixar ele continuar no erro, diga-lhe a verdade: Você tentou manter a
paz no lar. Isto é uma atitude sábia.
Mude o foco e passe a investir cada dia mais em seu relacionamento e com isto será mais feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário